Conheça o homem por trás do coletivo HEAVY BAILE: Leo Justi
O maior hitmaker brasileiro fala sobre moda, seu processo criativo e funk.
Foi simulando uma festa na laje com Lia Clark e Tati Quebra Barraco que Leo Justi, produtor musical e DJ brasileiro quebrou o YouTube com o lançamento de ‘Berro’. Filho de um oboísta e uma pianista, ele é considerado um dos criadores do Heavy Baile, gênero que mistura música eletrônica e funk:
“Na minha opinião, arte é a expressão de um ponto de vista de um indivíduo, ou seja, um produto do ego, e a minha ideia é achar o ponto de equilíbrio entre a idealização e uma concretização que ressone com um número de pessoas suficiente para sustentar o artista. E para as pessoas que consomem a arte, acho que é um alimento para a alma, como a comida é para o corpo.”
Intitulado ‘Carne de Pescoço’, o disco de Leo Justi conta com contribuições de BaianaSystem, MC Carol e muitos outros nomes talentosos. Sobre seu processo criativo enquanto DJ e artista, ele pontua:
“Tento ser feliz, equilibrar minha vida, e música é o que eu faço. Eu gostaria de estudar mais instrumentos e tecnologias, métodos. Acho que me ajudaria a ser melhor músico. Mas no geral só me utilizo do conhecimento que adquiri até meus 23, 24 anos, e desde então tenho estudado mais outras coisas, tipo filosofia e psicologia (no YouTube), não muito ligadas à música ou arte diretamente.”
Leo Justi do Heavy Baile já trabalhou com grandes nomes da indústria da música, de M.I.A. à MC Carol, de Emicida à Skrillex, mas em seu trabalho, ele se orgulha mesmo é de estar empoderando vozes oprimidas:
“Acho que é o fato de estar fazendo cada vez mais shows com o Heavy Baile, botando dinheiro no bolso de pretxs da favela supertalentosos e que tem tanto negado pelo sistema, e participando do crescimento e expansão do funk, e diversificação da expressão do funk (tanto na minha produção diferenciada, como na conexão com artistas como Lia Clark e MC Carol e o valor que esses protagonismos tem na sociedade).”
Se os homens têm se refinado esteticamente desde Hugh Hefner, com Leo Justi não podia ser diferente. Como artista e produtor, ele pensa sobre moda:
“Eu tenho uma relação conturbada com estilo (vestuário)… por razões complexas negligenciei essa parte de imagem desde a adolescência – curioso que quando criança, me interessava muito por isso, a ponto de ter chegado a desenhar roupas antes dos 10 anos, tinha um caderno, estava sempre atrás de roupas em brechós até uns 11, 12 anos… Mas parei quase totalmente com isso e somente agora com 31 anos estou começando a buscar me expressar mais através da moda de novo, inclusive com planos de empreender nesse terreno esse ano. Não gosto de quase nada que vejo vendendo. Quase tudo que curto é muito difícil conseguir, e tenho um problema sério com coisas que ficam muito populares, como off white. Quando descobri há uns meses achei foda. De repente acho cafonérrimo. Tudo é relativo né…“
Entre suas inspirações da adolescência que ainda permeiam seu trabalho atual, ele destaca:
“Acho que vale citar o punk rock do Rancid (Ans Out Come The Wolves), o peso da produção do Deftones (White Poney, Around The Fur) e sem dúvida Racionais MCs (Sobrevivendo no Inferno, Chora Agora Ri Depois). Também o esquisito do Radiohead (Kid A, Amnesiac, Hail To The Thief).”
Foi aos 8 anos que Leo Justi começou a estudar violino, e naquela época ele ainda não sabia que se tornaria um dos maiores nomes de produção musical do país. Com uma carreira consolidada e muitos hits, ele revela um segredo:
“Tenho muita dificuldade de tomar decisões, e isso me deixa mal a maior parte do meu tempo.”
Fotos: Divulgação